Os Primeiros 1.000 dias de vida – os 4 pilares

Um dos temas que têm demonstrado grande avanço na Ciência atualmente são os primeiros 1.000 dias de vida.

E por que esta fase é tão importante?

Para começar a entender, é fundamental deixar claro que os primeiros 1.000 dias de vida começam a ser contados na gravidez e vão até os 2 anos de vida.

Estudos recentes mostram que este período é importantíssimo e determinante para a saúde da criança até a vida adulta.

A nutrição adequada da gestante, da mãe que amamenta e da criança pode influenciar a inteligência, a memória, a capacidade de concentração, emoções, etc.

Em longo prazo, a nutrição dos primeiros 1.000 dias pode prevenir obesidade, doenças cardiovasculares e diabetes.

Como isso é possível?

Nestes primeiros 1.000 dias de vida, acontecem fatores excepcionais e podemos enquadrá-los em 4 pilares:

1. Crescimento físico e amadurecimento dos órgãos:Bebês crescem mais do que durante todo o resto de sua vida. Triplicam seu peso do nascimento ao 1º ano de vida.
2. Desenvolvimento cognitivo:Nessa fase os bebês desenvolvem até 80% de suas habilidades cognitivas adultas (inteligência, humor, emoções, etc.). Triplicam o tamanho do cérebro do nascimento aos 2 anos de vida.
3. Amadurecimento imunológico:Os bebês nascem com um sistema imunológico imaturo e são necessários 2 anos para que este processo se desenvolva. Está comprovado que a nutrição é o primeiro fator de incentivo deste amadurecimento, influenciando a proteção natural da criança contra infecções e alergias.
4. Programação metabólica:A nutrição do bebê se inicia no útero e, nos primeiros anos de vida, tem um papel permanente no risco de obesidade e das doenças crônicas a ela relacionadas, como diabetes e hipertensão.Estudos mostram que crianças alimentadas apenas com leite materno até o 6º mês de vida são 25% menos propensas a ficar acima do peso na idade adulta.

Ao entender, então, um pouco desta maravilhosa engrenagem do corpo humano nesta etapa da vida, a quais conclusões poderíamos chegar?

• É fundamental a presença do pediatra desde a gestação até a adolescência. Nos primeiros 1.000 dias é este profissional quem vai ajudar as mães para que tudo ocorra da melhor maneira possível.• A prevenção é a bola da vez nos tempos de hoje na medicina.• A dieta da grávida, da lactante e da criança tem de ser muito bem conduzida.• A frequência de ingestão de peixe durante a gravidez e a amamentação deveria ser de pelo menos 2 vezes por semana.• A idade de começar a alimentação sólida na infância e a qualidade dos alimentos são fundamentais.

Tendo em vista tudo o que foi dito acima, podemos chegar a algumas conclusões importantes:.

• A prevenção da saúde do casal em idade fértil seria ideal. Não podemos nos esquecer das adolescentes.• O peso da mulher antes da gravidez deve ser adequado, para que todo o processo transcorra de uma forma mais saudável, repercutindo no peso do bebê.• Um pré-natal bem feito, com orientação nutricional adequada, atualizada – e já iniciar aí o contato com o pediatra –, colabora demais para a saúde da mamãe e do bebê.• O leite materno exclusivo é o alimento ideal até os 6 meses de idade da criança. Caso isso não seja possível, volto novamente a enfatizar, o papel do pediatra é fundamental na orientação da família.

Resumindo, então: com medidas simples na infância podemos evitar doenças crônicas na fase adulta, e melhorar a saúde como um todo, se redobrarmos os cuidados nos primeiros 1.000 dias da vida de uma pessoa.

Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter, e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como Pediatra em Belo Horizonte